Epopeias de uma nação mentalmente marasmada produzidas sem a censura do horário nobre imposta pela sociedade.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Coqueiro e o Pássaro



Pede um encontro, fecha os olhos, respira fundo e diz o que sente, antes que seja tarde demais. Larga o orgulho, que leva à solidão, à tristeza e à depressão. Se esses caminhos do orgulho fossem bons, as pessoas não nasceriam em uma sociedade, entre afetos e amores, mas brotariam em ilhas desertas, como coqueiros. Altos, fixos e sem nada por perto além de água e sal.
Mesmo um coqueiro solitário e árduo pelo sal da solidão não fica sozinho. Sempre haverá um pássaro que lhe fará um ninho, que lhe mostrará a sublimidade da vida e lhe trará o desejo da companhia e o prazer de amar e ser amado.
Não sejas tu um coqueiro por opção, pois quando te arrependeres, tuas raízes podem estar tão rígidas que nem o mais forte desejo te moverá, e não poderás sair de onde estás, não conseguirás unir-te aos amados pássaros, que agora voam com os seus. A chuva te castigará, o frio te ressecará, o vento te arrancará as folhas e a salgada tormenta das águas te ferirá, e se mesmo assim deres frutos, esses cairão no nada, e nada serão. Nada além de cocos afogados, assim como os teus desejos de amor, pois cocos não amam, cocos não são amados, cocos não voam. Apenas caem e ferem com as suas dureza e aspereza cultivadas pela solidão.
E lá continuará sempre o coqueiro. Duro, áspero, seco, desfolhado, rezando para um próximo pássaro o escolher como abrigo por um tempo, mas logo novamente será abandonado.
Vive feliz o pássaro, que vive, que voa, que ama, cria e é amado, que a cada alvorada canta, apesar da nostalgia dos erros do dia anterior. Não há pássaro que não cante, com asas que não tenham voado, pelo amor de ser amado.
Tens a escolha. Escolhe o que tens e busca o que queres, pois terás assim asas, e voarás tão alto que nem o mais alto coqueiro te enxergará. Apenas te vislumbrará quem quiseres, quem levares contigo.

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