Epopeias de uma nação mentalmente marasmada produzidas sem a censura do horário nobre imposta pela sociedade.

sábado, 20 de outubro de 2012

Chiqueiro Social


"Ao acoplardes, vos resguardeis, pois a aurora da vida é destoada.", Máxima repetida muitas vezes ultimamente... sem tanta erudição, mas com a ideia sempre cogitada, por receio, desconfiança, preconceito ou inveja, pois constranger os aprazidos sempre foi uma forma de vingança originária da inveja alheia, que apenas importa-se com a própria opinião.
É um fruto do limbo social, uma forma de as pessoas tentarem interferir no processo de realização  dos seus próximos.
Desvelando tais palavras, depara-se com um fundo poço de lama composta por inveja, hipocrisia e preconceitos, produzidos através de olhares de parasitas intelectualmente inertes, que observam processos progressivos alheios e lançam sobre eles impulsões de infelicidade, ódio e represália. Porcos cultivados pela porca-mãe de alcunha Sociedade, que instrui à eterna competição aquisitiva, onde de quem tem, tomado seja, quem toma, inocentado seja e quem julga, venerado seja. Um inferno em Terra, em guerra sem causa definida, onde cada filho sodomiza moralmente seu irmão, num mundo onde números são mais que deuses, uma diferença aquisitiva é motivo de exclusão, mas uma diferença temporal indigna mais do que humanos que pedem, imploram, sofrem, mendigam e lutam com cães por um alimento desperdiçado pelos acima citados "porcos sociais".
Preconceito, cultivado por humanos animalizados, corpos que agem por instintos, fornicam levianamente, conhecem pela dor e vivem por celulose, destroem pelo progresso, matam pelo poder, conquistam pela dor e escravizam pelo "bem", veneram divindades que lhes mandam matar, matam por divindades que lhes reprimem a vida, divindades produzidas em série, maldosamente convenientes, intimidadoras, injustas e moucas, que apaziguam com bombas, disciplinam à chibata, aprazem assassinos e castigam incapazes, que foram levados a tal condição por não aceitarem as condições sociais, por não se adaptarem à escravização. Divindades que endividam, com formatos cúbicos, vozes eletrônicas, cores logotípicas, condições consumistas e ideais desprezíveis. Divindades que controlam porcos que fuçam na lama e comem restos, a si próprios, o que defecam e vomitam, abandonados, dormem com mortos, fedem com o desprezo, adoecem com a indiferença. Felizes em suas patotas, chacoteiam dos que não as querem, induzem à depressão, desprezam diferentes, traem iguais, afetam quem invejam, maltratam quem amam e substituem quem perdem: eis a hipocrisia da humana sociedade suína em desprezível súcia.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ano eleitoral


Ano de eleições, para mim, não passa de uma grande atuação de comédia. Vê-se candidatos "passeando" por bairros em situação crítica, cumprimentando pessoas desabrigadas, que acordam sempre pedindo a Deus forças para sobreviver àquele dia, candidatos que se dizem honestos, só porque não foram pegos pela Lei da Ficha Limpa. E então, todo candidato é "do povo", todos eles se preocupam com cada eleitor, todos são capazes de abraçar mendigos, andarilhos e assalariados por um voto a mais, sorrindo hipocritamente como se convencessem a si mesmos das suas mais falsas virtudes. Não há candidato corrupto aos olhos de si próprios, todos fizeram pela educação, como se não lembrássemos das greves ocorridas nas instituições de cada setor, federal, estadual ou municipal. Todos aplicaram exorbitantes partes dos fundos em saneamento, saúde, desenvolvimento, quando o máximo que vimos foi uma rua asfaltada, um poste trocado e uma pintura na fachada do pronto-socorro do nosso bairro.
Em ano de eleições, aquele seu amigo chincheiro na adolescência hoje é um "grande homem" para lhe representar politicamente... mas ele se esquece que cresceu no mesmo bairro que você, se esquece dos que o viram sendo revistado pela polícia em frente à sua casa, não imagina que você se lembra das companhias que ele andava, que hoje serão seus assessores se for eleito. São esses os "homens do povo" que querem se eleger hoje, aliando-se a mauricinhos debochados que nunca andaram de ônibus pela cidade e que hoje posam orgulhosos dentro de um ônibus novo vazio, como se fosse uma conquista deles para o povo, mas nunca tiveram culhão suficiente para enfrentar o inferno diário do transporte público nos horários de pico. Hoje esbanjam tal conquista, amanhã vão para o trabalho às onze da manhã nos seus carros importados, com ar condicionado e vidros fumê.
Candidatos que param na entrada da favela com um caminhão carregado de tijolos e sacos de cimento para distribuir à população, mas que não descem da carroceria um instante, pois não querem sujar seus ternos importados. Distribuem sorrisos, bons dias e material de construção a desempregados desnutridos, sem dentes nem banho, pois onde mal moram, nem água encanada possuem. Valiosos eleitores, pois não têm a visão questionante dos intelectuais, que já se convenceram de anular seus votos por não terem mais esperanças nesses mascarados em ternos de seda. Importa-lhes somente os néscios, os que aceitam seus sacos de cimento, porque os verão como homens de bem e votarão enganados, como sempre, por acharem que estão colocando em seus lugares aqueles aproveitadores, que lhes representarão como devem.
Povo que elege corrupto não é vítima, é cúmplice, mas povo que não pensa é merecedor de tal martírio. Conhecimento não deve depender de ninguém. Parece ser crueldade de minha parte, mas as pessoas gostam de sofrer, de ter de quem reclamar, são auto-piedosas por natureza, pois assim isentam-se dos males que os cercam. Aceitam o saco de cimento, pois no fundo, era isto o que elas queriam: ser enganadas para, no futuro, porem a culpa no candidato.
Os eleitores acham que se aproveitam dos benefícios que esses candidatos oferecem em troca de um voto, mas não têm capacidade de enxergar que estão sendo usados, vendendo seus votos por uma miséria material e moral, pois no futuro, as máscaras desses candidatos cairão, serão centro das atenções dos jornais, terão sigilos quebrados, serão investigados, acobertados pela imprensa, que os protegerá com intrigas em novelas, filmes idiotas e jornais televisivos com notícias fúteis, que usam de sensacionalismo barato em notícias de assassinos de todo dia para velarem o mar de lama que é o nosso sistema político, que têm a capacidade de acordar memórias quando lhes convém, fazendo o povo se lembrar de merdas como o esquema do Mensalão em ano eleitoral, para que ninguém se importe com os candidatos municipais,  mensalistas em potencial que tentam ingressar na mamata dessa lixeira com garis engravatados.
Povo que se deixa manipular é povo que gosta de sofrer, que não vai às ruas dizer de que tipo de informação gostariam de se alimentar. É povo que compra livro de receitas de pizza ao invés de procurar conhecimento histórico do próprio país, povo que trabalha cinco meses em cada ano apenas para pagar impostos, que paga impostos apenas para o deleite da falta de ética desse país. Povo honesto, que se burla por um tijolo, que se omite por uma dentadura, que se mata por um prato de comida, mas que se vê como nobre porque trabalha incansavelmente, mas é cego ao ser enganado.