Epopeias de uma nação mentalmente marasmada produzidas sem a censura do horário nobre imposta pela sociedade.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Que comece a Grande Gira!

Em pleno feriado de 7 de Setembro, estava eu ociosamente em casa, quando resolvi pegar meu filho para passarmos o dia juntos. Saí de casa, fui ao seu encontro e o trouxe em meio a sons e brincadeiras, quando, ao passar em frente à rua onde se encontra o Terreiro de Umbanda que frequento, me veio à mente a lembrança de que aquele dia teria Rito, e que eu não poderia deixar de assistir por alguma extrema importância que ainda não sabia qual era. Passei o dia com meu filho sentindo uma profunda sensação de necessidade em estar presente no Rito daquela noite, e já que sabia que me sentiria muito mal se não fosse, eu levei meu filho de volta para a mãe dele mais cedo e fui assistir aos Trabalhos.
Tudo aparentava normalidade: a chegada, a espera na fila, a entrada no Estabelecimento, a espera nos bancos da assistência... mas sentia uma energia diferente me rodear, como se a casa estivesse em uma harmonia maior comigo.
Era chegada a hora de pisar no Terreiro. Senti uma ânsia nunca sentida antes. Não fazia ideia do que aconteceria, mas estava quase eufórico; não tinha a ver com incorporação, pois algumas das minhas entidades já haviam incorporado, e sabia que era uma vibração diferente. Aquela fila parecia infinita.
Finalmente chegou minha vez. Bastaram cerca de cinco minutos... pus-me em frente ao Caboclo, e ele olhando-me por completo, meneou a cabeça positivamente, soprou a fumaça do seu charuto em mim e tudo se apagou... lembro-me dos flashes... alguns deles... já se apagaram da minha memória... mas lembro-me bem de quando recuperei a consciência, a alfazema me trazendo a lucidez, e aquela voz firme me dizia: "chegou a hora, filho."
Eu já sabia o significado daquilo, mas só pude sorrir e ouvir seus conselhos antes de voltar ao meu lugar, até então na assistência.
Terminada a Gira, tivemos um breve intervalo, e logo retornamos para fechar a Cirandeira...
- Mas, Seu Tranca...
- Tomou o banho de Cravo que eu mandei?
- Tomei sim, meu Pai...
- Então agora te quero ali na próxima Gira, ó. - disse Ele apontando para o canto do Terreiro onde ficam os Cambonos.
- Sim, essa semana ainda estarei lá.
E então, Seu Tranca me sorriu como nunca havia antes. Foi tão expressivo que senti como se meu corpo perdesse quilos...
E na Gira seguinte estava eu lá, exatamente onde ele havia apontado, e mais uma vez, o expressivo sorriso.
Fazer parte em um Templo espiritual se resume nisso: não é necessário alcançar um nível de integridade, moral ou espiritualidade. Basta que se sinta em casa, seja bem-visto pelos Irmãos-de-Santo. Não há nada melhor na vida do ser humano do que aprender e se disciplinar através do Sagrado. Não se perde oportunidades como essa, porque são únicas, raras. Mudam a vida, impulsionam no caminho evolutivo, abrem a mente, limpam os pontos de vista e nos fazem perceber a importância de cada pessoa no Mundo, através de um Mundo chamado Umbanda.

2 comentários:

  1. Fé em Deus e pé na tábua irmão. Você ficou assim, feliz, porque entrou em sintonia com Zambi. Que teus guias te iluminem o caminho, te guiem e protejam em seu progresso. Saravá!

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  2. Quando fui convidada para cambonar, me senti aliviada... Adoro o terreiro, amo minha religião... Cada vez que piso no terreiro, me sinto leve e sinto uma alegria inexplicável!

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